Tô ficando velho! Um dia desses, às
2h da manhã, peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr. Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali, meio dormindo, meio de pijama, tentei entrar na conversa. “E aí, o show foi legal?”
A resposta veio de uma mais exaltada do banco de trás:
- Cara! Tipo assim, f*!
E a outra emendou:
- Tipo f* mesmo!
Fiquei tipo assim calado o resto do percurso, cumprindo minha função de motorista. (...)
Ao entregar todas as meninas, fiquei a sós com a minha filha, senti que ela queria falar mais comigo, mas eu estava com medo de vir algo muito doloroso de se escutar, enfim, tomei coragem e perguntei: “Suas amigas também têm a sua idade, né? 14 para 15 anos?” ela respondeu rápido: “sim, vamos todas fazer 15 anos esse ano”.
Chegamos em casa, ela foi dormir, e eu fiquei atordoado, sou jornalista de família tradicional, faço 37 anos daqui um mês e estou me sentido como se tivesse parado no tempo, ou o tempo que foi injusto com a minha filha de apenas 14 anos que ainda nem chegou no ensino médio, uma menina ainda com cachinhos loiros, aparelho nos dentes, ar angelical. Talvez seja apenas uma euforia de um bom show, já passei por isso também, mas não imagino minha filha com tantas gírias e indo para mais shows de rock. Nesse pensamento, veio um circulo de paranoia: será que ela já bebe, fuma e usa drogas? E já tem algum relacionamento com algum garoto? Por uma simples conversa de carro, gerei um conflito interno.
Jéssica Ferreira
Turma 1COM12C
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