Tô ficando velho! Um dia desses, às 2h da manhã, peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr. Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali, meio dormindo, meio de pijama, tentei entrar na conversa. “E aí, o show foi legal?”
A resposta veio de uma mais exaltada do banco de trás:
- Cara! Tipo assim, f*!
E a outra emendou:
- Tipo f* mesmo!
Fiquei tipo assim calado o resto do percurso, cumprindo minha função de motorista.Ignorei a nova forma de expressar admiração por algo ou alguém e continuei a viagem.
Conhecia as duas meninas desde pequenas, éramos de famílias amigas e era estranho imaginar que meninas bonitas e bem criadas como elas poderiam fazer uso de um vocabulário tão vulgar.Mas tudo bem, o mundo mudou, pode ser que eu esteja ultrapassado, careta.
Em meio a conversas e gritinhos toda vez que falavam do show, ouvi uma pergunta que me fez frear rapidamente. Uma das meninas questionou minha filha sobre os cinco meninos que ela tinha ficado nessa mesma noite. Cinco meninos? Meu ” bebê” passando por cinco rapazes mal intencionados. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Se aos 16 anos ela “fica” com cinco, imagine quando estiver com 26!! Respirei, contei até 1000 e continuei dirigindo. É difícil para um pai ouvir certas coisas sobre sua filha. Imaginar o que falam a respeito da criatura que você pôs ao mundo, cuidou, se esforçou para que tivesse um futuro brilhante.
O que ela espera da vida? O que passa na cabeça dessas meninas quando tomam atitudes como essas? Chegando em casa, estacionei o carro, elas desceram, todas dormiriam juntas em minha casa. Subi pro meu quarto e tentei me conformar, aproveitando as poucas horas de sono que me restavam antes de acordar pro trabalho.
Jéssica Lopes Faustino - Turma 1COM12D (Publicidade)
Nenhum comentário:
Postar um comentário