2h da manhã, peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr. Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali, meio dormindo, meio de pijama, tentei entrar na conversa. “E aí, o show foi legal?”
A resposta veio de uma mais exaltada do banco de trás:
- Cara! Tipo assim, f*!
E a outra emendou:
- Tipo f* mesmo!
Fiquei tipo assim calado o resto do percurso, cumprindo minha função de motorista.
Não conseguia imaginar como duas meninas que mal sairam das fraldas poderiam falar tudo aquilo, daquela forma. Parece que vi meus anos de Rock and roll indo por água abaixo. Meninas essas, que nem poderiam usar a palavra f** pra definir qualquer coisa usando como hiperbole. Mas tambem não as reprimi por isso. Não queria parecer um pai careta, que só escuta música ultrapassada. Fui ao longo de todo o caminho só ouvindo a conversa animada das duas, que falavam no telefone praticamente juntas. E ao mesmo tempo me pediam pra ficar mudando de uma música para a outra. Isso sem contar os gritos que cada uma dava a cada musica que tocava no carro. Como elas conseguem falar no celular, comentar do show e cantar as músicas ao mesmo tempo?! Sem contar as histórias que as duas contavam no celular. Ficava imaginando o que ela queria dizer quando falava que “A Di ligou pra Ro, que estava com a Ma no bar perto Dé, junto com a Ju”. As pessoas agora tinham nome de fórmula quimica!? Ta (Tantálio), Lí (Litio), Na (Sódio), Ca (calcio) e etc. Eu definitivamente não consigo entender essa juventudade. E me contento em ser um velho pai motorista de pijama do Rock!
Filipe Bregunce
Turma: 1COM12D
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